Éos - Deusa do nascer do Sol

 



Segundo a versão mais conhecida, a de Hesíodo, Eos era filha dos titãs Hipérion e Teia, irmã, por conseguinte de Hélios (o Sol) e Selene (a Lua). Com seus dedos cor-de-rosa (rhododáktylos), como lhe chama Homero, abre todas as manhãs as portas do céu para o carro do Sol.

Segundo uma variante, Eos seria filha do Titã ou gigante Palas e, com Astreu, irmão de Palas, teria sido mãe dos ventos Zéfiro, Bóreas e Noto, bem como dos Astros e de Heósforos, a Estrela da Manhã que "traz a Aurora".

Eos foi provavelmente a deusa indo-europeia da beleza e do amor, antes de ser sobrepujada por Afrodite, de origem suméria e semita. É a única deusa grega cujas raízes são inequivocamente indo-europeias e compartilhadas com outros povos da mesma família linguística. No mito grego, Eos aparece como grande amante, mas sempre insatisfeita, por castigo de Afrodite.

Quando Eos, a recém-nascida, se alça renovada das correntes do Oceano, demarca o limite que pode ser alcançado pela reputação: tua glória chegará até onde se estende a Aurora.

Geralmente Eos rapta aqueles que ama, prática mais usual em divindades masculinas, como os ventos Bóreas e Zéfiro e os olímpicos Zeus e Apolo. Também são raptoras as divindades relacionadas à morte, como as Harpias, a Esfinge, Hipnos e Tânatos.

Na Grécia, esta ideia era invocada quando falecia um rei ou herói, após o ritual do sepultamento. Na épica, Eos marca o termo de um funeral. Quando ela se ergueu sobre a pira de Pátroclo, em Troia, os ventos recolheram-se a seus antros e Aquiles foi libertado do pranto, caindo no sono. Nos funerais de Heitor, igualmente sua túnica cor de açafrão apagou as chamas e extinguiu os lamentos.

Na Atenas clássica, as exéquias eram realizadas à noite. Havia uma relutância ancestral contra macular o dia, a luz e os vivos, mas sobretudo para confirmar a libertação da alma, à chegada de Eos. Em termos mitológicos, a prática estava assentada na crença de que a deusa transportou o morto "nas asas da manhã" e o fazia por amor ou atração sexual. Quando falecia um jovem belo, sobretudo aristocrata, descrevia-se o arrebatamento em função de um desejo erótico deste último.

A juventude dos amantes de Eos deve constituir o núcleo mais antigo do mito. A criança morta é assistida e mimada por uma das afáveis Queres, como se vê nos berços que ladeiam os túmulos micênicos. Eos se encarrega de levar os corpos demasiado jovens para Tanatos e Hipnos e o morto abraça-se a ela no ar, já que não tem outra mãe a quem se agarrar.

Nos sepultamentos de adolescentes, Eos assume o papel de principal entoadora das lamentações fúnebres. Sua emoção é Potos que, logo a seguir, transforma-se em Eros. Por amor, Eos encarrega-se do transporte do amante.


Mitos de Eos

Por obra de Afrodite, Eos raptou o gigante Órion, filho de Euríale e Poseidon e o transportou para a ilha de Delos. Órion, porém, foi morto por Ártemis porque tentou violentar a virgem hiperbórea Ópis, que fazia parte do cortejo da deusa da caça.

Eos arrebatou, em seguida, o jovem Céfalo, filho de Herse e Hermes, e levou-o para a Síria. Desse amor teria nascido Faetonte, que na versão mais conhecida é filho de Hélio.

Eos também raptou o belo troiano Titono, filho de Laomedonte e de Leucipe ou de Estrimo, filha esta última do rio Escamandro. De qualquer forma, Titono é o irmão mais velho de Príamo. Fugiu com o amado para a Etiópia e deu-lhe dois filhos, Emátion e Mêmnon, que se tornou rei dos etíopes e morreu lutando contra Aquiles em Tróia. Apaixonada pelo marido, suplicou a Zeus que o tornasse imortal, mas esqueceu-se de pedir para o mesmo a juventude eterna. Desse modo, Titono envelheceu a ponto de perder a aparência de homem, transformando-se em numa cigarra dessecada.

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