Erínias


As erínias, na mitologia grega, eram personificações da vingança. Enquanto Némesis (deusa da vingança) punia os deuses, as erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Inominável).

Viviam nas profundezas do Tártaro, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone, seus pais. Outra versão afirma que nasceram das gotas do sangue que caíram sobre Gaia quando o deus Urano foi castrado por Cronos. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo em forma de serpente. Mas a versão mais aceite é que elas são mesmo frutos da relação conjugal de Hades e Perséfone.

As erínias, encarregadas de castigar os crimes, especialmente os delitos de sangue, são também chamadas Eumênides, que em grego significa as bondosas ou as benevolentes, eufemismo usado para evitar pronunciar o seu verdadeiro nome, por medo de atrair a sua cólera. Em Atenas, usava-se como eufemismo a expressão Semnai Theai, ou deusas veneradas.

 Os seus nomes são:

  • Alecto (a implacável), eternamente encolerizada. Encarrega-se de castigar delitos morais como a ira, a cólera e a soberba. Tem um papel muito similar ao da deusa Nêmesis, com diferença de que esta se ocupa do referente aos deuses, tendo Alecto uma dimensão mais "terrena". Alecto é a Erínia que espalha pestes e maldições. Seguia o infrator sem parar, ameaçando-o e não o deixando dormir em paz.
  • Megera (a rancorosa), que personifica o rancor, a inveja, a cobiça e o ciúme. Castiga principalmente os delitos contra o matrimónio, em especial a infidelidade. É a Erínia que persegue com a maior sede, fazendo a vítima fugir eternamente. Grita ininterruptamente nos ouvidos do criminoso, lembrando-lhe das falhas que cometeu.
  • Tisífone (a vingadora), a vingadora dos assassinatos (patricídio, fratricídio, homicídio). É a Erínia que açoita os culpados e enlouquece-os.

As erínias são divindades ctónicas presentes desde as origens do mundo, e apesar de terem poder sobre os deuses, não estando submetidas à autoridade de Zeus, vivem às margens do Olimpo, graças à rejeição natural que os deuses sentem por elas (e é com pesar que as toleram, pois devem fazê-lo). Por outro lado, os homens têm-lhes pânico, e fogem delas. Esta marginalidade e a sua necessidade de reconhecimento são o motivo por que, segundo conta Ésquilo, as erínias acabam aceitando o veredicto de Atena, passando mesmo por cima da sua inesgotável sede de vingança.

Eram forças primitivas da natureza que atuavam como vingadoras do crime, reclamando com insistência o sangue parental derramado, só se satisfazendo com a morte violenta do homicida.

Posto que o castigo final dos crimes (por mais horríveis que sejam) é um poder que não corresponde aos homens, estas três irmãs encarregavam-se do castigo dos criminosos, perseguindo-os incansavelmente até mesmo no mundo dos mortos, pois seu campo de ação não tem limites. As erínias são convocadas pela maldição lançada por alguém que clama vingança. São deusas justas, porém implacáveis, e não se deixam abrandar por sacrifícios nem suplícios de nenhum tipo. Não levam em conta atenuantes e castigam toda ofensa contra a sociedade e a natureza, como o perjúrio, a violação dos rituais de hospitalidade e, sobretudo, os assassinatos e crimes contra a família.

Na Antiguidade, sacrificavam-lhes carneiros negros, assim como libações de nephalia, ou hidromel. As erínias são representadas normalmente como mulheres aladas de aspecto terrível, com olhos que choram sangue em vez de de lágrimas e madeixas trançadas de serpentes, estando muitas vezes acompanhadas por muitos destes animais. Aparecem sempre empunhando chicotes e tochas acesas, correndo atrás dos infratores dos preceitos morais.

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