Circe - Deusa da Feitiçaria
Circe era filha da deusa Hécate com Eetes, noutras versões seria filha do deus Hélios e da ninfa Perseis. Pode também ser filha de Hécate e Hélios.
Circe era uma famosa feiticeira, considerada a Deusa da Noite, que com imenso poder da alquimia, elaborava venenos e poções mágicas. Segundo a lenda, costumava transformar os homens em animais, vivia num palácio cheio de artifícios.
Circe era considerada a Deusa da Lua Nova ou Lua Negra, do amor físico, feitiçaria, encantamentos, sonhos precognitivos, maldições, vinganças, magia negra, bruxaria e caldeirões.
Com o auxílio da sua varinha, poções, ervas e feitiços, transformava homens em animais, fazia florestas moverem-se e o dia tornar-se noite. Vivia num palácio encantado, cercado por lobos e leões, seres humanos enfeitiçados. Crê-se que essa ilha se encontra hoje onde é o Monte Circeu.
Circe casou-se com o Rei dos Sámatas e tendo-o envenenado, refugiou-se na Ilha de Ea ou Eana, no litoral da Italia. O nome da ilha Ea ou Eana é traduzido como prantear e dela emanava uma luz tênue e fúnebre. Essa luz identificava Circe como a deusa da morte horrenda e do terror. Era também associada aos voos mortais dos falcões, pois, assim como estes, ela rodeava as suas vítimas para depois enfeitiçá-las.
O grito do falcão é "circ-circ", considerado a canção mágica de Circe, que controlava tanto a criação quanto a dissolução. Sua identificação com os pássaros é importante, pois eles têm a capacidade de viajar livremente entre os reinos do céu e da terra, possuidores dos segredos mais ocultos, mensageiros angélicos e portadores do espírito e da alma. Escritores gregos antigos citavam-na como "Circe das Madeixas Trançadas", pois podia manipular as forças da criação e destruição através de nós e tranças nos seus cabelos. Como o círculo, ela era também a tecelã dos destinos.
Na Odisseia, no decurso das suas perambulações, o herói Odisseu e a sua tripulação desesperada chegaram á Ilha de Eana, onde vivia Circe. Ao desembarcar, Odisseu subiu até uma montanha de onde viu um ponto no centro da ilha, um palácio rodeado de árvores.
Odisseu, então, enviou os seus homens para verificar as condições de hospitalidade. Ao aproximarem-se do palácio, os gregos viram-se rodeados de leões, tigres e lobos, não ferozes mas domados pela arte de Circe, que eram homens transformados em feras por seus encantamentos. De dentro do palácio vinha uma música suave e o canto de uma bela voz de mulher. Quando entraram, ela recebeu-os e eles de nada desconfiaram, exceto Euríloco, o chefe da expedição.
A deusa serviu vinho e iguarias. Enquanto eles se divertiam, Circe tocou-os com uma varinha de condão e eles transformaram-se imediatamente em porcos, embora conservando a sua inteligência de homens. Euríloco apressou-se a voltar ao navio e contar o que vira. Odisseu, então, resolveu ir, ele próprio, tentar a libertação dos companheiros.
Enquanto se encaminhava para o palácio encontrou o jovem Hermes, que conhecia as suas aventuras e lhe contou dos perigos de Circe. Não sendo capaz de convencer Odisseu, Hermes deu-lhe o rebento de uma planta chamada Moli, dotada do poder de resistir às bruxarias e ensinou-lhe o que deveria fazer.
Quando Odisseu chegou ao palácio foi recebido por Circe com muita cortesia, que lhe serviu vinho e comida. Mas quando ela o tocou com a varinha para transformá-lo em porco, Odisseu tirou a sua espada e atacou a feiticeira, que implorou clemência. Odisseu exigiu que ela libertasse seus companheiros e ela retirou o encantamento. Os homens readquiriram suas formas e Circe prometeu um banquete para toda tripulação.
Tratados magnificamente durante vários dias, Odisseu esqueceu-se de voltar à Ítaca, e resignou-se àquela vida inglória de ócio e prazer. Por alguns anos, Odisseu permaneceu no palácio de Circe, aprendendo com ela as magias do encantamento. Por fim, os seus companheiros apelaram aos seus sentimentos mais nobres, e ele resolveu partir.
Circe recomendou aos marinheiros tapar os ouvidos com cera para passar sãos e salvos pela costa da Ilha das Sereias. As sereias eram criaturas que tinham o poder de enfeitiçar com o seu canto, fazendo-os atirar-se ao mar e encontrar a morte. A Odisseu, Circe aconselhou a amarrar a si mesmo no mastro dando instruções a seus homens para não o libertar, fosse o que fosse que ele dissesse ou fizesse, até terem passado pela Ilha das Sereias.
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